Não sei o que é, mas tenho uma paixão pela
vida no sertão, pela vida interiorana. Não falo de um lugar bom pra viver (pode
até ser), falo de um lugar que me cativa, de uma história que me chama pra
perto. Nunca vivi lá, mas já estive algumas vezes.
Acho bonito o orgulho, a profundidade, a honra do sertanejo. Um povo que passa pelas dificuldades sem se degenerar.
Acho bonito o orgulho, a profundidade, a honra do sertanejo. Um povo que passa pelas dificuldades sem se degenerar.
Logo abaixo, três vídeos da cantora Maria
Bathânia que representa muito bem sobre o tema dessa postagem.
Esse próximo vídeo já não se refere ao sertão, mas à humildade de gente como as desse lugar.
Nesse ritmo, uma homenagem ao Piauí encenada por pessoas
que desconheço, mas que achei muito boa. A música é conhecida; encontrei no
YouTube!
E não poderia faltar uma citação do poeta João Cabral de Melo Neto:
"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."
(Trecho extraído de 'Morte e Vida Severina', poema antológico de João Cabral de Melo Neto).
Gosto da vida interiorana. Acho atraente o ritmo da vida solitária. É poético. Não falo de uma solidão triste, falo de uma
experiência rica e própria da nossa
raça biológica, necessária, que nos faz refletir, e nos faz
crescer em sabedoria.
Não sou de todo fim de semana encontrar pessoas. Gosto de ficar em casa, com
minhas coisas, meus livros, minhas músicas, filmes. Escrever, fazer minhas
artes.
Conheçam o poema “Dona Luta”, de minha
autoria, publicado no Recanto das
Letras em 23/07/2009. É o perfil de parte desse povo nordestino:
(sim, no vídeo, sou eu que estou recitando - anos atrás)
Existe a
"solidão necessária", que não significa ser sozinho, mas a
necessidade de estar só de vez em quando. Às vezes precisamos dar um tempo pra
tudo, e ter um momento só nosso pra parar e pensar na vida.
Não acredito nessa
história de ‘felizes para sempre’ aqui na Terra. A mim não seduz essa ideia impressa em alguns
livros de romance. Seria uma chatice. Precisamos de lutas também! Um desassossego
saudável e temporário. Gosto da festa, do sorriso, mas por outro lado gosto da
precariedade. Não penso nessas coisas de maneira desassociada. Afinal, o que
provoca o sorriso? A partir de que momento ele existe? Depois de que? Vivemos
todos os nossos esforços, pra – depois - vivermos mais confortavelmente. É tão
bom depois, quando superamos, quando vencemos.
Gosto muito de terra, coisa do nordeste, do
sertão, como também gosto de água, coisa da Amazônia... É um ótimo contraste.
Mas, falando em lugar pra viver, sempre digo
aos meus amigos que minha velhice quero passar no campo. Não no sertão, com
toda aquela aridez. Quero o ambiente campestre, a zona rural, fugere urbem!
Vida no campo, para
mim, é a vida no ritmo certo: a liberdade, o ar puro, o banho na cachoeira,
pouca gente... O barulho do sapo, do grilo e da coruja na tranquila madrugada. E
o mais importante: o sentimento de paz e de maior proximidade com Deus.
Vejam que coisa linda esse poema de Adélia
Prado:
Bucólica nostálgica
Ao entardecer no mato, a casa entre
bananeiras, pés de manjericão e cravo-santo,
aparece dourada. Dentro dela, agachados,
na porta da rua, sentados no fogão, ou aí mesmo,
rápidos como se fossem ao Êxodo, comem
feijão com arroz, taioba, ora-pro-nobis,
muitas vezes abóbora.
Depois, café na canequinha e pito.
O que um homem precisa pra falar,
entre enxada e sono: Louvado seja Deus!
E agora um trecho do Diário de Anne Frank:
“Para qualquer pessoa que se sinta só ou infeliz, ou que
esteja preocupada, o melhor remédio é sair para o ar livre, ir para qualquer
parte, onde possa estar só com o céu e com a natureza, e com Deus. Então
compreende que tudo é como deve ser e que Deus quer ver os homens felizes no
meio da natureza, simples e bela. Enquanto assim for - e julgo que será sempre
assim - sei que há uma consolação para todas as dores e em todas as
circunstâncias”.
É isso, gente! Foi
uma delícia falar desses assuntos, e de alguma forma (intelectualmente) vivê-los.
Qualquer dia desses vendo meus eletrônicos, compro um casal de ganso e começo uma criação. (rs)
Qualquer dia desses vendo meus eletrônicos, compro um casal de ganso e começo uma criação. (rs)
Até o próximo post!
4 comentários:
Amigo Anderson as vezes me pego pensando que você é um jovem "com alma de velho".
Lindas citações...linda postagem e linda reflexão!
rs rs rs, já ouvi isso, Evelize! Você não é a primeira pessoa e falar isso de mim. Eu também acho.
Obrigado pela visita, pelo comentário, e obrigado pela amizade.
Grande abraço!
Gostei da tua postagem... preciso vir aqui mais vezes. Tua foto tirada de baixo para cima, mais o teu olhar vislumbrando a distância, está muito boa, parabéns, amigo baiano!
Muito obrigado, amigo Paulo. Fico muito contente pela sua visita.
Postar um comentário